Pré-Eclâmpsia
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As síndromes hipertensivas no ciclo gravídico e puerperal (tensão alta na grávida e no pós-parto) constituem uma das principais causas de morbimortalidade materna e fetal, especialmente nos países em desenvolvimento. O diagnóstico e o correcto tratamento destas síndromes podem evitar a morte da mulher e do bebé, e a sua resolução exige uma resposta imediata por toda a equipa de saúde.
A Doença Hipertensiva da Gravidez é multi-sistémica (atinge muitos órgãos) definida pelo aparecimento de níveis tensionais ˃ 140/90mmHg e proteinúria (presença de proteínas na urina) significativa, edemas (sobretudo dos membros inferiores), convulsões e/ou coma a partir da 20ª semana de gestação.
Este grupo de doenças que incluem pré-eclâmpsia (PE)/eclâmpsia, hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão crónica e hipertensão crónica, constituem uma importante causa de prematuridade, atraso no crescimento intra-uterino (o bebé cresce menos em relação ao tempo gestacional) e mortalidade materna e perinatal.
Dentro das síndromes hipertensivas gestacionais, deve-se dar uma atenção especial à Pré-eclâmpsia, que ocorre de forma isolada ou associada a hipertensão arterial crónica e está associada aos piores resultados maternos e perinatais.
Segundo os dados mais recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), 14 % da mortalidade materna mundial, está diretamente relacionada com esta patologia e é a principal causa de morte materna em África, América Latina e Caraíbas. Nos países em desenvolvimento as taxas de incidência podem atingir os 18%. Em algumas zonas africanas, a mortalidade associada é 5 a 9 vezes superior.
Em Angola foi a primeira causa de morte em 2017 e 2018. Num estudo realizado no Huambo em quatro hospitais principais, a doença hipertensiva foi a primeira causa de morte de 2011 a 2013. A causa da Pré-Eclâmpsia permanece desconhecida, mas sabe-se que se trata de uma doença multifactorial, tendo sido descritos factores imunológicos, genéticos e ambientais para o seu aparecimento, levando o acometimento de vários órgãos maternos.
O seguimento rigoroso da gestante com um pré natal atento é a única forma de reduzir a morbimortalidade materna e perinatal (O uso da ecografia associada ao dopller é um recurso diagnóstico de grande valor em obstetrícia). A elevação da pressão arterial constitui um factor relevante da doença. O segundo factor é o resultado de uma má adaptação do organismo materno à gravidez. Isto é, a partir da 20ª semana de gestação, com maior frequência no terceiro trimestre.
Factores de Risco para Pré-Eclâmpsia
Qualquer mulher pode desenvolver Pré-Eclâmpsia, mas algumas mulheres estão em maior risco e os principais factores são:
- Idade Materna (Extremos de idade)
- Hipertensão arterial crónica
- Etnia
- Obesidade
- História prévia ou familiar da doença
- Gemelaridade
- Espaço intergenésico (Tempo entre as gestações)
- Alta altitude
- Diabetes mellitus
- Doenças Autoimunes
Sinais de Alerta e Sintomas
Os sinais e sintomas para doença hipertensiva gestacional podem ser muito leves e não serem percebidos pela grávida, mas podem incluir:
- Cefaleias (dor de cabeça)
- Edemas generalizado (inchaço em todo corpo)
- Epigastralgias (dor de estômago)
- Visão turva (ver fusco)
- Escotomas (ver estrelas com os olhos fechados)
As complicações Maternas e Neonatais mais frequentes
Maternas:
- Descolamento Prematuro da Placenta
- Coagulopatia/Síndrome HELLP
- Edema agudo do pulmão
- Insuficiência renal aguda
- Eclâmpsia
- Insuficiência hepática
- Hemorragia pós parto
- Acidente Vascular Cerebral
- Morbidade cardiovascular a longo prazo
- Morte.
Neonatais:
- Prematuridade
- Restrição de crescimento fetal
- Hipóxia com lesão neurológica
- Morbidade cardiovascular a longo prazo associada ao baixo peso ao nascer (P <2.500 g)
- Morte perinatal
Prevenção
Dos factores de risco enunciados, alguns não podem ser modificados, como por exemplo os antecedentes familiares. A adopção de um estilo de vida saudável (hábitos higiénico-dietéticos) ajuda na prevenção. Ainda está descrito e com bons resultados materno-fetal o uso de Aspirina 150 mg a partir das 11-14 semanas de gestação, na prevenção desta doença.
Tratamento
O especialista que conduz os casos de Pré-Eclampsia é o obstetra, e o cardiologista colabora no manuseio dos anti-hipertensivos e no tratamento das complicações cardiovasculares, pois o tratamento definitivo da doença é a interrupção da gestação. Quando é confirmado o diagnóstico, é necessário considerar a Idade Gestacional, o estado clínico materno e o bem-estar fetal. A decisão do momento adequado para o parto vai se basear nestes três parâmetros.
Recomendações
- Vá ao ginecologista antes de engravidar para avaliação clínica
- Compareça a todas as consultas previstas no pré natal e siga rigorosamente as recomendações médicas durante a gestação
- Lembre-se que a hipertensão é uma doença que pode ser assintomática. Qualquer descuido e a ausência de sintomas podem fazer com que uma forma leve da doença evolua com complicações
- Faça exercícios físicos compatíveis com a fase da gestação.
Referências:
- Global causes of maternal death: a WHO systematic analysis. 2014;
- Royal College of Obstetricians and Gynecologists;
- WHO recommendations for Prevention, treatment of pre-eclampsia, and eclampsia;
- Estudo ASPRE, publicado em 2017;
- Causes of maternal mortality in four reference hospitals in Huambo Province from 2011 to 2013 Cezaltina Nanduva Kahuli*, Victor Nhime Nungulo**, Diogo Ayres-de-Campos*** Hospital Regional do Huambo; Hospital Municipal do Bailundo, Hospital Municipal da Caala e Hospital Municipal do Cambiote.