Gastroenterologia – Infecção por Helicobacter Pylori

Dezembro 26, 2023 - by Gabinete de Comunicação e Imagem - in Dicas & Notícias

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O que é a infecção por Helicobacter pylori (H. pylori)?

A infecção por H. pylori é uma condição em que a bactéria se aloja na mucosa que reveste o estômago e o duodeno (a primeira parte do intestino delgado). A bactéria produz substâncias que danificam a mucosa e provocam uma resposta inflamatória do organismo. Essa inflamação pode ser crónica e persistir por anos, causando gastrite (inflamação do estômago) e/ou duodenite (inflamação do duodeno).

A infecção por H. pylori é muito comum e afecta pessoas de todas as idades e regiões do mundo. Estima-se que metade da população mundial esteja infectada com H. pylori, sendo que a infecção aumenta com a idade.

 

Como se transmite a infecção por H. pylori?

A infecção por H. pylori pode ser transmitida por diversas vias, como a fecal-oral, a oral-oral, o contacto com vómitos ou fezes de pessoas infectadas, o beijo ou outro tipo de contacto próximo, ou a contaminação por outros animais. A água contaminada é considerada a principal fonte de infecção em países em desenvolvimento.

A infecção pode ocorrer em qualquer fase da vida, mas é mais comum na infância. Uma vez infectada, a pessoa pode permanecer com a bactéria no estômago ou no duodeno por toda a vida, se não receber tratamento adequado.

 

Quais são os sintomas da infecção por H. pylori?

A maioria das pessoas infectadas por H. pylori não apresenta sintomas. No entanto, algumas pessoas podem desenvolver complicações graves, como úlcera gástrica ou duodenal, cancro gástrico e linfoma de tecido linfóide associado à mucosa (MALT).

Os sintomas mais comuns da infecção por H. pylori são:

  • Indigestão: dor, desconforto ou mal-estar no nível do epigástrio (a parte superior do abdómen), que pode ser acompanhado de inchaço, náusea ou vómito.
  • Úlcera gástrica ou duodenal: dor epigástrica intensa e persistente, que pode irradiar para as costas ou o peito. A dor pode ser aliviada pela ingestão de alimentos ou antiácidos. Pode haver sangramento digestivo manifestado por hematémese (vómito com sangue) ou melena (fezes escuras e com mau cheiro).
  • Cancro gástrico: perda de peso involuntária, anorexia (falta de apetite), disfagia (dificuldade para engolir), vómito persistente, massa abdominal palpável, linfonodos aumentados (gânglios), ascite (acúmulo de líquido no abdómen), icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos).
  • Linfoma MALT: sintomas semelhantes aos do cancro gástrico, mas menos intensos e mais lentos. Pode haver febre, sudorese nocturna e fadiga.

 

Como é feito o diagnóstico da infecção por H. pylori?

O diagnóstico da infecção por H. pylori é baseado na avaliação clínica e por exames complementares. Existem diversas técnicas disponíveis para detectar a presença da bactéria no estômago ou no duodeno, que podem ser classificadas em invasivas ou não invasivas.

As técnicas invasivas requerem a realização de uma endoscopia digestiva alta, que consiste na introdução de um tubo flexível com uma câmera na ponta, pela boca do paciente até o estômago e o duodeno. Durante o procedimento, são recolhidas amostras da mucosa gástrica ou duodenal para análise. As técnicas invasivas incluem:

  • Teste da urease
  • Histologia
  • Cultura
  • Reação em cadeia da polimerase (PCR)

As técnicas não invasivas não necessitam de endoscopia e podem ser realizadas com amostras de sangue, saliva, fezes ou ar expirado. As técnicas não invasivas incluem [1]:

  • Teste respiratório com ureia marcada com carbono 13
  • Determinação do antígeno de H. pylori nas fezes
  • Teste sorológico

 

A quem tratar?

Recomenda-se oferecer tratamento erradicador a todos os pacientes diagnosticados com infecção por H. pylori, independentemente da presença ou ausência de sintomas [1]. O tratamento tem como objectivo eliminar a bactéria do estômago ou duodeno, curar as lesões causadas pela infecção e prevenir as complicações futuras [1].

O tratamento consiste em uma combinação de antibióticos e um inibidor da bomba de prótons (IBP), que reduz a produção de ácido gástrico e facilita a acção dos antibióticos [1].

 

Prevenção

A prevenção da infecção por H. pylori é fundamental para reduzir o risco de complicações graves, como úlcera e cancro gástrico. A prevenção envolve a adopção de medidas de higiene pessoal e ambiental, que visem evitar o contacto com a bactéria ou a sua propagação.

As medidas de higiene pessoal incluem:

  • Lavar as mãos com água e sabão depois de usar o banheiro e antes das refeições
  • Evitar compartilhar utensílios, copos, talheres ou escovas de dentes com outras pessoas
  • Evitar beijar ou ter contacto íntimo com pessoas infectadas ou com sintomas de infecção
  • Procurar atendimento médico se apresentar sintomas de infecção e seguir o tratamento adequado

As medidas de higiene ambiental incluem:

  • Lavar bem os alimentos antes de consumir ou cozinhar
  • Beber água potável ou tratada
  • Desinfectar superfícies, objectos e roupas que possam estar contaminados
  • Evitar o contacto com animais que possam ser portadores da bactéria
  • Melhorar as condições sanitárias e de saneamento básico nas comunidades

 

Recomendações

Os pacientes que têm a infecção por H. pylori não necessitam de nenhum tipo de restrição dietética, aconselha-se uma dieta variada e equilibrada e excluir somente os alimentos que consideram que fazem mal. No entanto, recomenda-se seguir algumas medidas para aliviar os sintomas e facilitar a cicatrização das lesões causadas pela infecção, como:

  • Evitar refeições abundantes. Comer em quantidades moderadas e várias vezes (5) ao dia.
  • Comer devagar e em um ambiente tranquilo. Mastigar bem.
  • Descansar sentado meia hora depois das refeições principais.
  • Beba quantidade suficiente de água, em pequenas quantidades, fora das refeições, 30 a 60 minutos antes ou depois. Evitar bebidas gaseificadas.
  • Usar especiarias e condimentos com moderação.
  • Evitar alimentos ou bebidas que irritem o estômago, como o café, o chá, bebidas alcoólicas, refrigerantes, sumos cítricos, chocolate, pimenta, molhos picantes, frituras, gorduras, embutidos, enlatados e conservas.
  • Evitar o tabagismo, pois o cigarro prejudica a cicatrização da mucosa gástrica e aumenta o risco de úlcera e cancro.
  • Evitar o uso de medicamentos que possam irritar o estômago, como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs).

 

Uma vez diagnosticada a infecção e tratada com antibióticos e IBP, é necessário confirmar sua erradicação. Para isso, deve-se realizar um novo teste para detectar a presença da bactéria no estômago ou duodeno após pelo menos 4 semanas do término do tratamento [1]. Durante esse período, deve-se evitar tomar antibióticos ou IBP, pois eles podem interferir no resultado do teste [1]. O teste mais indicado para confirmar a erradicação é o teste respiratório com ureia marcada com carbono 13 [1].

 

Referências

[1] MALFERTHEINER P; MEGRAUD F; O’MORAIN CA; et al. Management of Helicobacter pylori infection-the Maastricht V/Florence Consensus Report. Gut. 2017;66(1):6-30. Disponível em: [1].

[2] HELICOBACTER PYLORI INFECTION. World Health Organization. Disponível em: [2].

 

Elaborado por

Dr. José Gonçalves Pereira Bravo. Médico especialista em Gastroenterologia e Hepatologia. Sub-especialista em Endoscopia avançada. Sub-especialista em Motilidade Digestiva

Dr. Eric Mauro Teixeira Brado. Médico Especialista em Gastroenterologia e Hepatologia.

 

 

 

 

 

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