Gestação e Grupo TORCH

Dezembro 20, 2022 - by Gabinete de Comunicação e Imagem - in Dicas & Notícias

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O serviço de Ginecologia Obstetrícia da Clínica Vida de Luanda funciona 24 horas por dia, 365 dias por ano.

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A sigla TORCH é formada por um grupo de doenças infecciosas que acometem a grávida e podem ser transmitidas ao feto. Tais doenças são assim designadas: T (Toxoplasmose), O (Outras: Sífilis, Hepatites), R (Rubéola), C (Citomegalovírus) e H (Herpes simplex).

O feto acometido por esses agentes patogénicos pode falecer no útero, apresentar crescimento intra-uterino retardado, malformações congénitas e enfermidades agudas e crónicas, podendo também nascer hígido.

 

Sífilis

Agente etiológicoTreponema pallidum.

 

Contaminação materna

O rastreio serológico da sífilis deve ser feito em todas as gestantes.

A mulher adquire sífilis, em geral, através do contacto sexual.

A fase primária da doença é caracterizada pelo aparecimento de uma lesão (chamada cancro duro), indolor, localizado nas paredes vaginais e/ou genitália externa.

Na fase secundária, a mulher desenvolve exantema e linfadenopatia.

Após vários anos, aparecem as formas terciárias: neurológica, cardiovascular e as gomas sifilíticas.

 

Transmissão fetal

Infecção adquirida por via transplacentária, mais frequente após a 16ª e 18ª semanas gestacionais.

A transmissão no canal de parto, através do contacto com as lesões vaginais, e na amamentação, quando existem lesões treponémicas no mamilo, é excepcional.

 

Quadro clínico

Retardo no crescimento intra-uterino, meningite luética, coriza sifilítica (obstrução nasal e secreção grossa de cor catarral ou mucossanguinolenta), pênfigo sifilítico (lesões bolhosas nas palmas das mãos e plantas dos pés, com líquido turvo ou hemorrágico), osteocondrite metaepifisária, pseudo-paralisia de Parrot, hepatoesplenomegalia, coriorretinite do tipo sal-e-pimenta e pneumonia alba.

 

Diagnóstico: 

Exame do Líquido Cefalorraquidiano (LCR), VDRL (teste não-treponémico), FTA-ABS IgM (indica infecção do recém-nascido, devendo ser usado como diagnóstico de certeza), RX de ossos longos e alterações placentárias específicas.

 

Tratamento:

É medicamentoso e deve ser orientado/prescrito pelo médico.

 

Profilaxia: 

Tratamento adequado da gestante sifilítica e de seu parceiro.

Educação em saúde da população, especialmente em relação à DSTs.

Maior cobertura e qualidade do pré-natal.

Realização da rastreio serológico para Sífilis no primeiro e terceiro trimestres da gestação e na época do parto.

 

Toxoplasmose

Agente etiológico: Toxoplasma gondii.

 

Contaminação materna:

Ingestão acidental de oocistos esporulados do solo e/ou alimentos contaminados, e mais frequentemente, pela ingestão de carne crua ou mal cozida, frutos e vegetais mal lavados, leite de cabra não pasteurizado, alimentos contaminados por matérias em decomposição contendo bradizoítos do toxoplasma ou através da manipulação de fezes de gato.

 

Transmissão fetal:

A transmissão é vertical, quase exclusivamente, quando a infecção é adquirida pela primeira vez durante a gravidez e varia com a idade gestacional, sendo cerca de 5%  às 12 semanas e cerca de 80% na gravidez de termo. Inversamente, a gravidade da doença diminui com a idade gestacional à data da infecção, com 60% de casos de doença grave às 12 semanas e apenas 5% no final da gravidez.

 

Quadro clínico:

Baixo peso ao nascer, coriorretinite, calcificações cerebrais, miocardite, rash maculopapular, linfadenopatia generalizada, trombocitopenia, atrofia óptica, anisometropia, nistagmo, epilepsia, surdez, retardo mental ou motor, icterícia, hidrocefalia, microcefalia, convulsões, encefalite, microftalmia, estrabismo, catarata e hepatoesplenomegalia.
Os recém nascidos infectados durante o 3º trimestre, são aparentemente normais à nascença, vindo a cegueira a surgir durante a infância.

 

Diagnóstico Da Infecção Materna:

É feito através de doseamento de Anticorpos produzidos contra o Toxoplasma gondii no sangue.

 

Diagnóstico Da Infecção Fetal:

O diagnóstico fetal da Toxoplasmose é feito através da pesquisa por PCR do DNA do Toxoplasma gondii no Líquido Amniótico, nas 18 semanas ou 4 a 6 semanas após a infecção materna.

 

Prevenção:

A prevenção da Toxoplasmose consiste em realizar exames serológicos em todas as gestantes, na lavagem de todos os alimentos e vegetais antes de cozinhar, assegurando-se de que a carne está bem cozida, não re-aquecer alimentos cozidos, utilizar luvas durante os trabalhos de jardinagem, usar água fervida para desinfectar a caixa de areia dos gatos e evitar contacto com dejectos de gatos.

 

Tratamento: existem vários

 

Acompanhamento: 

Deve ser feita consulta pediátrica mensal com avaliação do desenvolvimento.

O exame oftalmológico é trimestral no primeiro ano de vida e semestral ou anual a seguir. A avaliação neurológica é realizada a cada três ou seis meses, até um ano de idade.

Rubéola

A Rubéola é uma doença infecciosa benigna, epidémica, febril e eruptiva.

É provocada por um vírus Paramyxovírus e caracteriza-se por lesões eruptivas de aspecto variável, mas que rapidamente se generalizam por todo o corpo, e tem um período de incubação que oscila entre os 14 e os 21 dias.

Caracteriza-se clinicamente em sintomatologia semelhante à da gripe.
É um vírus RNA do qual o ser humano é o único reservatório.

É muito rara devido ao alargamento da imunização aos adolescentes e agora às crianças. O contágio faz-se pessoa a pessoa.

Confere imunidade permanente e a sua única complicação grave é poder provocar malformações congénitas no feto, de mães que adoecem com Rubéola durante os três primeiros meses de gravidez.
A duração da doença é de alguns dias, não requerendo intervenção específica materna.

O período de contágio varia de 1 semana antes a 1 semana depois do início do rash cutâneo.

O diagnóstico é confirmado através de testes serológicos para determinação do título de anticorpos.

 

Riscos Para o Feto:

Se a mãe contrai Rubéola durante o 1º trimestre, existem 80% de probabilidades do feto ser infectado, comparativamente a 25% de probabilidades se a Rubéola for contraída no final do 2º trimestre.

Em 1% dos fetos infectados ocorrem anomalias características da Rubéola que incluem: cataratas, patologia cardíaca congénita, surdez, dificuldade na aprendizagem, hepatoesplenomegalia e microcefalia.
Os efeitos teratogénicos são mais graves nas infecções contraídas durante o 1º trimestre, levando muitos pais a optarem pela interrupção da gravidez neste período.
A Rubéola no adulto e a síndrome de Rubéola Congénita são doenças de notificação obrigatória.

 

Rastreio Serológico

– Consulta Pré-Concepcional:

Em pacientes com estatuto imunológico IgM-/IgG-, administrar vacinas e contracepção eficaz durante 1 mês.

A vacina não está recomendada na grávida, pois existe um risco teórico (0,5 – 1,3%) de efeitos nefastos sobre o feto. Se for feita inadvertidamente, deve-se tranquilizar pois o risco de infecção fetal é apenas teórico.

 

Citomegalovírus

O Citomegalovírus ou Vírus Citomegálico Humano (CMV) é um vírus da família dos herpes, vírus transmissível por fluídos corporais contaminados ( urina, saliva, fezes, secreções respiratórias e vaginais) e por via sexual.

É a infecção congénita mais frequente, com uma prevalência de cerca de 1% em todos os recém-nascidos.

É a principal causa infecciosa de atraso mental na infância.
Os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças como uma gripe ou uma infecção na garganta, nomeadamente febre, fadiga, gânglios aumentados de volume ou dores de garganta. No entanto, é habitualmente assintomática. Com frequência o vírus continua a replicar após a infecção.

Em 1% das mulheres ocorre infecção primária da CMV ou recorrências, durante a gravidez. A imunidade materna pode ser detectada serológicamente através da presença de IgG, e a infecção primária pode ser confirmada pela presença de IgM.

 

Riscos Para o Feto:

Se a infecção ocorrer na gravidez, o risco para o feto é de 10-15%.

Se a mãe for seropositiva, e se a doença continuar a reactivar após a infecção primária, o risco para o feto é só de 1%.

As infecções fetais podem ocorrer em qualquer fase da gestação e serem diagnosticadas por identificação do vírus através de amostras colhidas por amniocentese ou cordocentese.
10 a 20% dos recém-nascidos infectados podem apresentar à nascença: hidropisia, baixo peso, microcefalia, hidrocefalia, hepatosplenomegalia e trombocitopenia; mas, 80-90% desenvolvem sequelas tardias como défices mentais, distúrbios visuais, perda progressiva da audição ou atraso psicomotor.
O rastreio da CMV durante a gravidez não está indicado por não existir terapêutica adequada.

As mulheres com serologia positiva podem reactivar a doença e não é possível predizer quais as crianças que virão a ser afectadas e qual a sua severidade.
Devem-se realizar exames de ecografia a cada 2-3 semanas para detectar anomalias fetais.

 

Prevenção e Tratamento:

Medidas higiénicas de prevenção em mulheres de alto risco que sejam seronegativas (não existe ainda vacinas para prevenir a infecção).
Ponderar interrupção médica da gravidez de acordo com a idade gestacional e a gravidade da doença fetal.
Não existe nenhum tratamento comprovadamente eficaz.

 

Herpes Simplex

O herpes simplex (HS) é um ADN vírus da família dos herpes vírus, apresentando dois sub tipos:

º Herpes Simplex 1 (HS1) – principal agente causal de herpes labial;

º Herpes Simplex 2 (HS2) – principal agente causal do herpes genital.

 

A transmissão vertical mãe-filho pode ser intra-uterina (5% dos casos), no período intra-parto – que vai desde o início do trabalho de parto até à expulsão da placenta (85% dos casos) ou no Pós-parto (10% dos casos).
A infecção intrauterina (durante a gestação) apresenta um prognóstico muito grave com microcefalia, hidranencefalia, coriorretinite e microftalmia, sendo a mortalidade muito elevada e as sequelas graves nos bebés que sobrevivem.
Tudo isto nos mostra, quão é importante a consulta pré-concepcional e o seguimento adequado das consultas pré-natais.
É através da realização de exames, que temos conhecimento do nosso estado serológico.

 

Autora – Dra. Maria Luísa

 

 

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