A Febre na Criança

Dezembro 05, 2022 - by Gabinete de Comunicação e Imagem - in Dicas & Notícias

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A febre na criança é sempre um motivo de grande preocupação e ansiedade. É a principal causa de visitas ao médico e de prescrição de medicamentos, principalmente de antibióticos, muitas vezes desnecessários.

O que é a Febre?

É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo (comprovada pela aferição com o termómetro). No primeiro ano de vida, a temperatura normal do corpo é maior do que a de um adulto. É mais baixa no início da manhã e mais alta no final da tarde e início da noite. Esta alteração circadiana da temperatura corporal, começa a notar-se a partir dos 6 meses e é mais acentuada depois dos 2 anos. A actividade física e a permanência em locais quentes e pouco ventilados, também podem levar a um aumento da temperatura corporal.

A febre pode classificar-se em:

  • Febre leve – temperatura axilar até 38.5ºC
  • Febre moderada – temperatura axilar entre 38.5 – 39.5ºC
  • Febre grave – temperatura axilar superior a 39.5ºC

Mecanismos de Produção da Febre

A temperatura corporal é regulada por um centro termo regulador (hipotálamo), localizado no cérebro, e que funciona como um termóstato com a função de manter a temperatura interna estável a 37ºC. Estímulos infecciosos ou não infecciosos podem descontrolar o centro termo regulador e provocar a alteração da temperatura corporal.

Quais as complicações da Febre?

A febre aumenta o consumo de oxigénio e faz o coração bater mais rápido. Mas, isso só é prejudicial em crianças muito debilitadas, ou aquelas com doenças pulmonares ou cardíaca graves. Pode causar convulsões, quando surge de forma súbita, em crianças dos 6 meses aos 5 anos. São convulsões benignas, facilmente controladas com medidas adequadas e não causam lesões cerebrais.

Há evidências de que a febre pode ser benéfica, pois vários estudos comprovam que as temperaturas corporais elevadas podem levar à diminuição da reprodução dos agentes infecciosos causadores de doença.

Como e quando medir a temperatura corporal?

A temperatura só deve ser medida nos momentos em que a criança parece estar muito quente, com calafrios, ou se apresentar um aspecto de abatimento. A medição frequente da temperatura corporal é desaconselhada pois pode levar a interpretações erradas e causar ansiedade aos pais e crianças. Deve avaliar o valor exacto da temperatura, usando a técnica correcta e anotar as horas do dia em que é feita esta medição (é frequente os pais dizerem que a criança teve febre durante todo o dia ou toda a noite, quando na maior parte das vezes foram apenas dois ou três episódios).

O método mais utilizado, universalmente aceite, é a medição da temperatura axilar com o termómetro:

  • Deve-se remover o excesso de roupa da criança, secar bem a axila, colocar o termómetro, e manter o braço bem apertado até o alarme tocar (aproximadamente 2-3 minutos).

Quando é que a febre é preocupante?

  • Em crianças com menos de 3 meses de idade, particularmente nos Recém-nascidos
  • Quando a temperatura axilar é superior a 39,5ºC, principalmente quando acompanhada de calafrios.
  • Crianças com mau estado geral: ar abatido, apatia, irritabilidade alternada com sonolência, fraqueza, gemido, choro inconsolável e recusa em alimentar-se.
  • Quando a duração da febre é maior que 3 dias (mais de 72 horas)
  • Febre que não baixa após a administração do antipirético.

Como tratar a febre benigna?

Em crianças que não apresentam risco de ter uma doença importante associada, deve: 

  1. Vestir a criança com roupas leves e mantê-la num ambiente ventilado
  2. Oferecer líquidos com frequência de acordo com a preferência da criança
  3. Alimentar a criança de acordo com o seu apetite e tolerância (dar de comer os alimentos que ela aceitar melhor)
  4. Dar um antipirético cujo objectivo é baixar a febre.
Antipiréticos
  • Paracetamol – provoca poucas reacções alérgicas. Deve ser dado na dose certa e no intervalo recomendado, pois pode levar a danos no fígado quando as doses administradas são maiores do que as recomendadas.
  • Ibuprofeno – tem a vantagem de provocar um efeito mais prolongado (a criança fica mais tempo sem febre). Mas é mais tóxico, principalmente se for usado por tempo prolongado.
Banhos de imersão

Os banhos em água morna, por 10-20 minutos, ajudam a baixar a febre, mas só são eficazes após a administração do antipirético. Deve estar alerta, pois a água fria pode provocar calafrios e tremores que, para além de serem desconfortáveis, aumentam a temperatura corporal.

Alguns conselhos práticos para os Pais

  1. A febre leve a moderada, é causada na maior parte das vezes, por doenças virais benignas. As crianças, particularmente as menores de 6 anos, estão mais expostas a este tipo de infecções por terem contacto com outras pessoas e se encontrarem num processo dinâmico de construção do seu sistema imunitário. Nestas situações, a febre não dura mais que 72 horas, e estimula os mecanismos de defesa contra a infecção.
  2. No caso de crianças que já estão medicadas com antibiótico, a febre só começa a diminuir 48horas após o inicio do tratamento.
  3. A diminuição da febre e do mal estar, só ocorre enquanto o antipirético está a actuar (4-6h para o paracetamol ou 8-12h para o Ibuprofeno). Por isso o retorno da febre depois desse período é esperado e não deve ser motivo de preocupação, a não ser que ultrapasse aqueles limites de febre benigna.
  4. Durante o episódio febril, a criança pode  ficar menos activa,  brincar menos, recusar alguns alimentos e comer menos. Isso também é uma situação transitória. À mediada que a febre vai diminuindo, a criança recupera a vitalidade e o apetite.
  5. Observar, se fora dos momentos febris a criança fica activa e bem disposta, porque isso fala a favor de uma situação benigna, que não vai durar mais que 3 dias.
  6. A febre não dispensa a opinião de um profissional de saúde.

Lembre-se que:

  • O uso indiscriminado de medicamentos, particularmente de antibióticos, pode ser prejudicial à saúde criança, pois esta ainda não tem bem desenvolvidos os mecanimos  que permitem a eliminação de substâncias estranhas ao organismo.
  • Além disso, os agentes infecciosos podem adquirir resistência contra os antibióticos, comprometendo o controlo e/ou eliminação de doenças causadas por eles.
  • A massagem com álcool não deve ser usada, pois esta substância pode ser absorvido pela pele e causar toxicidade.

Autora – Dra. Ondina Cardoso

A Dra. Ondina, Directora do Serviço de Pediatria da CLIGEST é Licenciada em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto, com especialização em Pediatria pelo colégio de Pós-graduação da Ordem dos Médicos de Angola, e é docente universitária na Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto.

 Áreas de Actuação:

  • Neonatologia
  • Pediatria

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