
Consulta Pré-natal
A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que o número adequado de consultas pré-natais deve ser igual ou superior a seis, considerando como um indicador de acesso adequado ao serviço de saúde.
Tem-se definido o pré-natal como um programa de exame, avaliação, observação, tratamento e educação de mulheres grávidas para que a gestação, o parto e o nascimento se transformem em um processo normal e sem perigo para mães e crianças.
A PRIMEIRA CONSULTA
O início do pré-natal deve ocorrer o mais precoce possível, assim que a gravidez for diagnosticada.
A primeira consulta é a mais importante de todas as consultas, porque nesta o médico deve ser capaz de, mediante interrogatório e exame físico completo, detectar os riscos que a gestante pode apresentar ou que permaneciam ocultos, e assim iniciar a profilaxia dos riscos da gestação, principalmente do baixo peso ao nascer, a toxémia e a prematuridade.
INTERROGATÓRIO
A anamnese ou interrogatório deve ser de forma bastante completa, contemplando tanto informações relativas a gravidez quanto ao estado clínico geral. Alguns itens são fundamentais para a caracterização dos factores de risco gestacionais:
- Idade materna: tanto a adolescência quanto a idade superior a 35 anos se acompanham de particularidades que elevam o risco gravídico;
- Profissão: doenças profissionais e exposição a factores capazes de provocar malformações fetais devem ser rastreados de forma minuciosa;
- Estado civil: a existência de uma relação estável e segurança económica são fundamentais para o estado emocional durante a gestação;
- Hábitos e costumes: investiga-se o tabagismo e uso de drogas lícitas ( álcool) e ilícitas , actividade sexual e caracterização dos parceiros. É também importante conhecer sobre o uso de fármacos de rotina, cremes cosméticos e corantes de cabelo, além de hábitos alimentares;
- Passado mórbido: pesquisam-se doenças anteriores e actuais com enfoque para a hipertensão arterial , diabetes , anemias , doenças infeciosas e cobertura vacinal, assim como a ocorrência de internações prévias, transfusões sanguíneas e cirurgias anteriores;
- História familiar: são importantes informações sobre consanguinidade , ocorrência de doenças genéticas entre sobrinhos, irmãos e tios, além do estado de saúde dos pais e da família do parceiro.
- História ginecológica: as características dos ciclos menstruais auxiliam na datação mais precisa da gestação. É necessário pesquisar tratamento prévio de infertilidade, uso de métodos contraceptivos, cirurgias e infeções genitais, além de avaliação pré concepcional .
- História obstétrica: evolução das gestações anteriores, intercorrências , tipo de parto e forma da interrupção. São de fundamental importância a ocorrência de quadros hipertensivos e perdas gestacionais anteriores . Deve-se verificar o peso dos neonatos, intercorrências neonatais, bem como a existência de anomalias congénitas e infecciosas. Tempo de aleitamento e dificuldades encontradas;
- Gravidez actual: caracterização da ultima menstruação. Sintomas iniciais da gravidez. Deve-se dar importância a relação emocional com a gestação.
EXAME FÍSICO
O exame físico deve conter a avaliação geral sumária que consiste na avaliação do peso corporal, aparelho cardiovascular, respiratório e renal, abdómen, membros inferiores, e de forma específica o sistema genital, com a avaliação das mamas, medida do fundo uterino e estática fetal , exame especular e toque bimanual.
ROTINA NO PRÉ-NATAL
As consultas devem ser realizadas com frequência, devendo ser mensais até ao sétimo mês de gestação (32 semanas), quinzenais até as 36 semanas e depois destas semanais .
Devem ser acompanhadas de exames laboratoriais realizados de forma trimestral ou sempre que se verifique necessário, segundo as queixas que a paciente apresentar ou protocolo de cada instituição. Dentre os exames laboratoriais mais frequentes:
– Hemograma completo, para diagnosticar e prevenir anemias;
– Grupo sanguíneo e factor Rh, para detectar possível incompatibilidade sanguínea entre a mãe e o feto, que podem levar a morte do feto;
– Glicemia, para avaliar se há presença de diabetes;
– Urina e urocultura, para identificar a presença de infeção urinaria, que pode provocar aborto ou parto prematuro;
– Serologia: VIH, VDRL, Hepatites B e C, Toxoplasmose, Rubéola, para detectar situações que podem levar a malformações ou morte fetal.
– Citologia cervical e exsudado vaginal, para diagnosticar e tratar possíveis infeções que possam prejudicar o desenvolvimento normal da gestação.
Podendo e devendo ser complementados com outros exames, dependendo da condição clínica de cada gestante.
A primeira ecografia deve ser realizada logo durante a captação da gestação, seguida pelas ecografias morfológica do I trimestre (11 a 13 semanas); a ecografia morfológica do II Trimestre (20 a 22 semanas); às 30-32 semanas (avaliação do crescimento fetal), a termo, e sempre que se julgue necessário, dependo das indicações obstétricas. Durante o seguimento das gestantes podem ser realizados outros exames como CTG. Este exame serve para mostrar o bem-estar fetal através da medição da frequência cardíaca fetal e para ver se há contrações uterinas.
É durante o acompanhamento que se introduz a suplementação de acido fólico, ferro e vitaminas, realizam-se também vacinas, bem como se discutem possibilidades ou vias de parto.
Estas recomendações são a base dos cuidados pré-natais para todas as grávidas, não contemplando os cuidados adicionais de que algumas necessitam.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Monteiro, N., Rodrigues,T., Ramalho, C., Campos, D. (2014). Protocolos de medicina materno-fetal 3a Edição . Porto. LIDEL.
NHS- NATIONAL INSTITUTE FOR HEALTH AND CLINICAL EXCELLENCE. Antenatal care. NICE clinical guideline 62. Published 26 March 2008, Last update February 2019.
MORAES, Paula Louredo. “Pré-natal”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/pre-natal.htm. Acesso em 03 de julho de 2020