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Introdução

A Otite Média (OM) é um problema global de assistência à saúde, mais comumente visto na população pediátrica. Além das infecções das vias aéreas superiores (nariz e garganta), a Otite Média é o diagnóstico mais comum em cuidados primários pediátricos.

Embora considerada principalmente um problema médico pediátrico, a OM apresenta-se também nas populações adolescente e adulta, ainda que, com uma taxa mais baixa. Pode ser classificada em aguda, crónica e recorrente, tendo em conta o tempo de evolução dos sintomas. A doença pode causar uma série de complicações como: mastoidite, petrosite, abcesso de Bezold, paralisia do nervo facial, labirintite, meningite, abcesso cerebral, entre outras.

 

Conceito

Otite Média Aguda (OMA) consiste num processo inflamatório agudo da caixa do ouvido médio. Esta caracteriza-se pelo início rápido de sinais e sintomas como febre, otalgia (dor de ouvido) e saída, ou não, de secreções provenientes da caixa do ouvido médio. A maioria das crianças terá um diagnóstico de, pelo menos, um episódio de otite média aguda com o pico da taxa de incidência aos dois anos de idade.

 

Factores de Risco

Alguns factores de risco são apontados como base para a doença, dentre estes temos os seguintes:

Factores relacionados ao hospedeiro (paciente)

⦿ Idade e a anatomia do paciente; Infecções das vias respiratórias superiores (IVAS); Desordem no funcionamento da tuba auditiva; Doença de refluxo gastroesofágico; Anomalias craniofaciais e Síndrome de Down.

Factores sociais e relacionados com o ambiente

⦿ Fumadores passivos; Crianças que frequentam creches ou infantários.

 

Mecanismo de produção da otite média

Anatomicamente, o ouvido médio compreende três componentes contíguas diferentes: ouvido médio, células da mastoide e trompa auditiva. Porém a patogénese subjacente a todas as formas de otite média (com excepção da otite relacionada ao colesteatoma) é a disfunção da trompa auditiva, tendo esta como função principal a ventilação do ouvido médio, fornecendo pressão equivalente à pressão atmosférica. Quando ocorrem desordens no funcionamento da trompa auditiva, principalmente decorrendo de infecções das vias aéreas superiores, consequentemente, criam-se mecanismos que propiciam o surgimento da otite média.

 

Agentes Etiológicos

Bactérias mais frequentes nas infecções da otite média aguda

– Streptococcus pneumoniae, haemophilus influenzae e brohamella (moraxela) catarrhalis

 

Manifestações Clínicas

As manifestações clínicas da otite média aguda, são frequentemente: febre, otalgia (dor de ouvido), saída ou não de secreções provenientes da caixa do ouvido médio, irritabilidade e choro em crianças. Em geral precedida por um quadro gripal.

 

Diagnóstico

 O diagnóstico da doença é feito pelo/a médico/a, sugerido pela história clínica e exame físico completo de otorrino, cabeça e pescoço, confirmado pela otoscopia.                                                 

A – Membrana timpânica hiperemiada                                                 

 

B – Membrana timpânica abaulada

 

Prevenção da Otite Média Aguda

A prevenção, inicialmente, passa pelo controlo dos factores de risco associados a doenças. Um dos métodos de prevenção que mais tem contribuído para a redução na incidência de OMA provocada por diversos sorotipos de Pneumococcus e H. influenzae é a vacinação. Porém a utilização da vitamina D é capaz de fortalecer o sistema imunológico, controlo e tratamento precoce das infecções das vias aéreas superiores, restrição ao tabagismo e controlo das doenças de refluxo gastroesofágico, têm um papel extremamente importante na prevenção das otites.

 

Tratamento

Embora a maioria dos episódios de OMA se resolva espontaneamente, a base do tratamento na prática clínica é a antibioticoterapia. Estudos recentes mantêm os beta-lactâmicos, como os mais utilizados no tratamento da otite média aguda, tendo em conta a sensibilidade dos germes presentes nesta patologia.

 

Complicações

As complicações mais frequentes da otite média aguda são: mastoidite, petrosite, labirintite, paralisia do nervo facial, abcessos de Bezold, meningite, abcesso epidural, dural e cerebral.

 

 

Referências Bibliográficas

1. NANBU, M. M. D. Otite Média Aguda em crianças e adolescentes – Diretrizes para o diagnóstico e tratamento. Guia do Episódio de Cuidado. Sociedade Beneficente Israelita Brasileira. Albert 2021.
2. NASCIMENTO, D. Z. et al. Incidência de otite média aguda em crianças entre zero e um ano de idade. Revista da AMRIGS. v. 63, n. 3, p. 279-283, 2022.
3. SILVA FILHO, C. M. et al. O manejo clínico da otite média aguda em crianças: uma revisão bibliográfica. Revista Eletrônica Acervo Saúde. v. 15, n. 8, 2022.
4. LEMPINEM L, et al. Otitis Media-associated Bacterial Meningitis in Children in a Low-income Country. The Pediatric Infectious Disease Journal, 2019; 38(8): 791-79

 

 

Perfil Médico

Nome: João Simba Mateus da Silva,
Médico: Especialista em Otorrinolaringologia, colaborador da Clínica Cligest Viana
Formado: Hospital Militar Principal Instituto Superior
Mestre em Psicologia do Trabalho pela Universidade Jean Piaget de Angola
Licenciado em Medicina pela Universidade Jean Piaget de Angola
Área de atuação na Especialidade ORL: por se tratar de uma Especialidade médico-cirúrgica, actuamos nas patologias da cavidade oral e faringe, patologias do nariz e seios perinasais, laringe e patologias do ouvido na sua vertente clínica e cirúrgica. Dentre as doenças mais comuns no contexto da otorrino temos: rinites, sinusites, adenoidites, amigdalites, corpos estranhos na via aerodigestiva, otites nas suas formas diferenciadas e complicadas, corpos estranhos no ouvido, vertigens, zumbidos, laringites, entre outras.